Conversando com escritores: Angélica Pina

Hoje conversaremos com a escritora Angélica Pina que lançou seu primeiro livro em outubro de 2014, chamado “Quilômetro de Saudade” e ela nos contará um pouco sobre como surgiu as ideias das tramas, a dificuldade de encontrar uma editora no Brasil e aquelas dicas para quem quer começar a escrever, que amamos!

Diário da Aninha Carvalho: Qual foi a inspiração na hora de criar o seu livro “Quilômetros de Saudade”?
Angélica Pina: Eu pego muito a história de amigas que eu já ouvi, e sabe quando está batendo papo e “Ah, um dia aconteceu isso e tal”, ai eu vou colocando a minha personagem em situações parecidas e tal, então coisas do dia a dia mesmo.

Diário da Aninha Carvalho:  Mas você usa Minas Gerais como inspiração?
Angélica Pina: A minha protagonista é daqui de Beagá, a história dela é assim, os pais moram em outro país, a avó que ela adora mora em outra cidade, e ela viaja com duas amigas para Natal, viagem de férias, ela tem um namorado e tal, e lá ela faz amizade, por isso Quilômetros de saudade, porque ela está com saudade dos pais, tá com saudade da avó, tá com saudade dos amigos que ela faz. Então fala muito sobre relacionamento a distância, sobre amizade virtual, é bem contemporâneo mesmo, assim coisa que a gente vive hoje em dia.

Diário da Aninha Carvalho: Quando veio a ideia de escrever um livro?
Angélica Pina: Eu sou formada em publicidade, então eu sempre gostei de escrever, sempre gostei de ler e tal, mas eu tive um filho, e ai eu estava com ele bebezinho em casa, não podia trabalhar fora e eu ficava em casa só lendo, lendo, lendo. E eu comecei a escrever resenha para um blog, o Universo dos Leitores, e ai todo mundo “Po, você escreve bem, escrever história também”, e como eu estava em casa, e era uma coisa que eu gosto, comecei a escrever. Talvez se eu tivesse trabalhando fora eu não teria tempo de parar e deixar a história sair.

Diário da Aninha Carvalho: E qual foi a sua maior dificuldade pra lançar o livro?
Angélica Pina: Depois que o livro está pronto que começam as dificuldades. Escrever para mim é super tranquilo, porque eu gosto, é uma coisa que eu tenho prazer em fazer. Mas depois que o livro está pronto tem aquela insegurança né, tipo pra mostrar para alguém como é que vai ser, porque a gente escreve e acha que está lindo, mas pode ser que as outras pessoas nem entendam de fato o que você quer dizer com a sua história. Aí eu mandei para algumas pessoas, amigas minhas que são leitoras mesmo, que estão acostumadas com o gênero, com o romance, pra ver o retorno delas, ai gostaram, ai eu comecei a correr atrás de editora. Mas assim, editora no Brasil é complicado, porque a maioria nem te responde. Você mando um e-mail “Ah e ai, você está recebendo o original para análise?”, nem isso eles respondem, nem que sim, nem que não. Então é bem difícil. Mas ai eu mandei para algumas mais conhecidas e eles falam “Ah, a gente pede um prazo de seis meses para analisar”. Você acaba de escrever, está louca para lançar e eles te pedem seis meses. Mas dai a minha editora, que a Giostri, é uma editora pouco conhecida, lá de São Paulo, mas foi assim no primeiro dia que entrei em contato me pediram para mandar as vinte primeiras páginas, no dia seguinte eles mandaram “quero ler o resto”, com quinze dias ele mandou “vamos fechar”, sabe? Então, assim até que eu dei sorte com relação a tempo, mas depois que fecha também é uma eternidade para ficar pronto. A gente fechou contrato em fevereiro, para lançar o livro em outubro. Então a maior dificuldade é que deixa a gente morrendo de ansiedade né?

Diário da Aninha Carvalho: O que você diria assim para as pessoas que estão começando a escrever agora?
Angélica Pina: Persistir, persistir. Se é uma pessoa que gosta, tem que correr atrás mesmo. Praticar, ler muito, eu leio desde criança. Comecei com Turma da Mônica e depois Coleção Vaga Lume, e depois eu to lendo o tempo inteiro, esse ano eu já li 70 livros, então quanto mais a gente lê mais facilidade a gente tem para saber quando que uma história se encaixa, o que o enredo tem que ter, o que que o personagem tem que ter, e ter pessoas, como eu falei, que são leitoras mesmo e que possam te dar dicas, falar. Quando você está escrevendo é uma coisa demorada, você vai lendo, relendo, muitas vezes. Depois de um certo tempo você já lê assim por cima, então tem coisa que passa batido. Quando uma pessoa tem o primeiro contato com texto, ela vai notar um monte de coisa que passou despercebido, então uma das principais coisas é isso, pedir para alguém revisar, te falar, “pó, isso aqui não deu para entender, tem um errinho de digitação”, essas coisas. Tem que ter alguém para isso e dar a cara a tapa mesmo, correr atrás e não é fácil. Igual, a gente está aqui hoje [com outras escritoras na Bienal do Livro], a minha editora nem sabe, eu vim por mim mesma, eu quero estar com os leitores, eu quero mostrar meu livro, então é não depender de ninguém,sabe, é você mesma correr atrás.

Hoje conversamos com a escritora Angélica Pina e ela falou sobre o seu primeiro livro “Quilômetros de saudade”. Amanhã conversaremos com Antônio Navarro de Andrade, autor do livro “Praia dos Anjos, o Santuário dos Sonhos”.