Eu fico encantada com a quantidade de polêmicas e verdades existentes em um único streaming de vídeo. Mais uma vez a Netflix me surpreendeu com a temática abordada. O filme que todo mundo deveria assistir é Okja, do diretor Bong Joon-ho. Ele tratou tanto sobre mutações genéticas quanto do consumo desenfreado de alimentos vindos de animais e a manipulação de informações.
O filme Okja chegou à Netflix em julho de 2017, mas já disputou o Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França. Durante o evento sofreu uma grande crítica e o foco de debater o que propõe ficou de lado. Mas as crítica e as vaias que ocorreram no evento não foram pela história do filme, mas sim pela inserção da Netflix na criação de séries e filmes de forma mais nítida. E também por causa de uma das regras do evento, já que, para participar do festival, o filme não poderia ir para um streaming em menos de 3 anos. E a Netflix queria lançar Okja no streaming ao mesmo tempo que nos cinemas. (Dá para você ter uma ideia do que rolou lá na Tec Mundo). Mas como a crítica à história do filme é super válida, vamos para a resenha.
O que acontece no filme Okja
Imagine uma fábrica, na história chamada de Mirando Corporation, que quer ganhar atenção para o seu empreendimento. Por isso, decide mostra ao mundo um novo tipo de porco capaz de alimentar muito mais pessoas e agredir muito menos o ecossistema. E, claro, ser muito mais saboroso.
De início eu já me imaginei num mundo paralelo. Afinal, histórias de animais mirabolantes assim sendo encontrados, só me faz pensar em um gênero: ficção científica. Mas não. A dona do empreendimento fingiu que aquela criação era divina e, por isso, natural.
Assim a CEO Lucy Mirando, interpretada pela atriz Tilda Swinton, propôs um desafio para 26 fazendeiros ao redor do mundo. Todos eles ganhariam uma versão baby do animal que teriam que criar. O mais saudável e grande deles ganharia a competição. E quanto tempo demoraria até sabermos quem seria o ganhador? 10 anos.
10 anos depois
A história, então, começa 10 anos após esse pronunciamento em que um fazendeiro e sua neta cuidam atentamente do animal, que poderia ser considerado um super porco, cujo nome é Okja. Eles moram em uma casa simples no alto de uma montanha
A menina foi criada aos mimos do animal que se tornou o seu fiel amigo e companheiro de aventuras. Eles se mostram grandes aliados e confidentes já que a jovem conseguia se comunicar perfeitamente com o animal, que a entende e protege também. Ela considera o super porco como sua irmãzinha, explicou a atriz em entrevista à Netflix.
Após esses 10 anos, se aproximava a hora de entregar Okja para os donos da Mirando. Quando eles foram ver o animal ficaram encantados. E simplesmente levaram o animal embora que é quando começa a ação do filme.
Quem é a jovem?
Mikha, interpretada pela sul-coreana Seo-Hyeon Ahn, é o nome da garotinha de 14 anos que foi atrás da sua irmãzinha, Okja, uma porca gigante geneticamente modificada. Ela é determinada mas não imagina as confusões que enfrentará para conseguir o seu porco querido de volta.
Ela não entende bem o inglês, mas aprende rapidamente em apenas em um voo de avião. O que eu achei surpreendente. Depois conta essa técnica pra gente!
Ela arma uma confusão tão grande atrás do porco que a própria marca quer a história dela para dar ainda mais ibope para o concurso do super porco. Isso porque a jovem passou a imagem de que ama o seu animal e o quer de volta. Emoções sempre cativam o público. Dá uma olhada no que acontece com ela no trailer abaixo.
Com spoiler*
Quem vem ajudar?
Quando se trata de animais, há defensores por todo o mundo. No filme se trata da Animal Liberation Front, ou traduzindo Frente de Libertação dos animais. Porém, eles agem de uma maneira bem questionável no filme.
Como assim?
Há várias situações a respeito dos ativistas que soaram estranhas. Confirmei algumas no vídeo do canal Vista-se e vou comentar aqui com você quais foram.
O que considerei estranho foi eles usarem justamente um animal para provar que outros animais estavam sendo maltratados. Acredito que tenham levado muito inocentemente a ideia de que não fariam nada com Okja, só que se enganaram.
A forma como o líder trata um dos outros membros da frente, batendo nele, chega a ser muito suspeito. Como diria o youtuber do Vista-se, que compaixão seria esta, não é mesmo? Se ela não existe nem para com os seres humanos.
Além disso, foi que apesar de tudo o que eles conseguiram mostrar no filme, a sociedade ainda assim não fez nada contra o projeto. Não mostra nada no filme sobre o que a mídia disse sobre isso.
Mas o filme Okja, de certa forma, serviu para mostrar que essas ações de libertação dos animais precisam ser muito bem pensadas. Tanto para não colocar em risco os agentes tanto quanto os animais, que são em quem eles mais querem proteger.
Mas e aí, o que será que vai acontecer? Mikha salvará o seu super porco Okja? O plano dos ativistas dará certo e eles salvarão os super porcos? Veja o trailer completo do filme abaixo.
O que achei do filme Okja
A crítica social ao consumo é claramente expressa no filme. O mais triste é que inicialmente podemos até achar a ideia do concurso super interessante.”Olha que legal, uma espécie nova!” Mas depois cai a ficha e você se pergunta: “é um concurso para criar um super porco e depois comer a carne dele?” Sim.
Mas não é isso que fazem diariamente? Na hora de pensar no sofrimento do animal, deixamos de lado. Preferimos nos esquecer dessa parte. Tapar os olhos para essa sociedade tão violenta com os animais. Chega a ser triste a forma como eles mostram o modo como matam os super porcos. Mas o pior, é que isso acontece atualmente.
Mudou alguma coisa?
Por fim, Okja segue sendo uma mercadoria por todo tempo, desde quando a menina pergunta ao avô se ele conseguira comprar a super porca até quando, no final, ela tenta salvar a Okja dessa forma. Com isso, ficou como sendo capitalismo pelo capitalismo e até o tal do conformismo entra no meio disso.
Por isso, ficou uma pontada de “e o que nós estamos fazendo para salvar esses super porcos”? Faremos igual Mikha que foi atrás apenas da sua melhor amiga e se esqueceu de todos os outros animais que deixou para trás? Ela pode até ter sentido uma pontinha de empatia ali ao lado deles, mas, simplesmente, não fez nada para tentar salvá-los como um todo.
Se ela queria tanto aquele porco e encontrou tantos outros passando pela mesma situação, por que não salvou todos?
O que faremos depois de assistir ao filme? Será que nós seremos apenas mais um condizente e abaixando a cabeça para todas essas atrocidades no mundo? Ou faremos diferente?
No filme a alimentação do avô e de Mikha se altera, será que conseguiremos levar isso para a vida também?
Uma curiosidade, antes que comecem a criticar ainda mais detalhes do filme. Vale lembrar que o diretor do filme não é vegano e não parou de comer carne por causa do filme, só durante dois meses. Tanto que tenta até passar um certo conformismo com a situação atual na pecuária, no final da trama. O que me deixou muito revoltada.
Essa foi a minha opinião. Espero que tenha entendido e, claro, que mande a de você nos comentários também.
Beijos,
-Aninha Carvalho
3 Comments
eu adoro carne e como pouco, tomamos muita sopa com pouquissima carne, eu adoro salada (na região é forte na agricultura familiar e temos muitas feiras), legumes, frutas, suco de laranja/tangerina/uva (moro em araraquara, a região tem grandes e pequenas fabricas sucos)
Eu Chorei assistindo este filme, já estava a um tempo querendo mudar meus hábitos alimentares.
Criei uma repulsa por carne
Chorei a noite toda pelo lixo q somos
Todos os animais tem sentimentos, eles sentem medo…
Que lixo somos?
Comemos pra nós agradar então não pensamos no q eles passaram
Nojo de mim mesma
Nem me fale, me senti muito mal depois de assistir.
O filme é realmente emocionante!