Sabe essa pessoa morrendo de frio ali no meio da foto? Pois é… sou eu. Só queria te mostrar que nem sempre todos os dias do intercâmbio serão fáceis. Pode até ser que as fotos que você veja te passem essa ideia, mas o intercâmbio em si é algo que te desafia diariamente.
Resolvi selecionar 5 momentos mais difíceis durante o intercâmbio e como respirar fundo para não esquecer o motivo de estar lá.
1. O Clima do local pode te deixar mais para baixo do que imagina
Eu e o Daniel resolvemos ir para o Canadá justamente na virada das estações do Outono para o Inverno. Nunca vimos neve antes então seria uma experiência única. Fora que no estado em que moramos no Brasil, Minas Gerais, não faz tanto frio quanto se e e morássemos no sul do país. Por isso até o frio de verdade seria novidade.
Só nos esquecemos de um pequeno detalhe.
Sabe quando está chovendo de manhã cedo e você não sente vontade nenhuma de sair de casa ou, para ser bem realista, não sente vontade nem de sair da cama? Isso aconteceu demais durante o intercâmbio.
Vancouver é uma das cidades que mais chove no Canadá, então praticamente todos os dias estava chovendo. Não essa chuva pesada que temos no Brasil, mas aquela chuvinha chata que fica ali horas e horas.
Quando mudamos o nosso horário da aula para a parte da tarde foi que complicou tudo. Isso porque raramente o Mô acordava cedo, sempre depois das 11 da manhã. Era o tempo de ir almoçar para arrumar para a aula. E eu, quando acordava, ou fazia as tarefas da escola ou ia dar uma voltinha na praça.
Eu gravei um vídeo explicando como era a rotina no intercâmbio, é só dar o play no vídeo abaixo:
O frio nos desanimava muito a sair de casa.
Eu costumava falar que preferia o frio porque as pessoas se vestiam melhor, aquele velho clichê que na prática não faz sentido algum, sabe? Pelo menos quando é pra gente porque sinceramente os canadenses se vestem muito bem!
Durante o intercâmbio eu colocava mil roupas para não sentir frio. Sempre tinha que usar uma calça jeans e uma calça térmica para não morrer congelada. Além disso, sempre usava uma T-shirt, uma blusa de frio e o casaco impermeável por cima. Tudo isso para não morrer de frio.
A parte mais chata era que eu sempre caminhava muito da estação de trem para o prédio da escola, uns 4 quarteirões (enormes) pelo menos. Então adivinha? Já chegava morta de calor na escola, tirando a roupa toda para ficar só com a T-Shirt. Vida que segue.
Durante o intercâmbio eu consegui enxergar o que era frio de verdade e talvez goste mais do frio do Brasil mesmo, aquele bem engana bobo.
Como superar isso: o primeiro passo é lembrar que a decisão de ir em uma estação mais friorenta foi sua, você viu mil e uma fotos de roupa de frio, de pessoas aproveitando a neve e esse é o seu momento. Nada de desanimar porque está sentindo frio demais e não querer sair de casa. Simplesmente saia, nem que seja para ir pra um lugar quentinho e não ao ar livre, como um parque. Mas saia.
Aproveite cada segundo do seu intercâmbio e não ligue de sair com mil roupas de frio não é como se todo mundo te conhecesse. Ninguém ali te conhece! Saia do jeito que preferir, não tem que ligar para a opinião de ninguém.
2. Não entender nada do que dizem para você
Quando cheguei no Canadá e ouvia a família conversar comigo e com o Dani me sentia a segundos de distância da conversa, entendia o que o Host dad falava, mas quando já tinha passado o momento. O Dani conversava direto sem nem pensar em nada, eu ficava ali observando os dois e tentando assimilar tudo. Às vezes assimilava tudo, às vezes só entendia a pergunta quando ouvia a resposta e por aí vai.
Fora que sou uma pessoa tímida, se aqui no Brasil eu já penso dez mil vezes antes de falar algo, imagine quando é em outra língua? Aí eu pensava mais ainda e a conversa já tinha tomado outro rumo.
Um dos dias mais legais foi depois de umas semanas no Canadá quando o Host dad estava conversando comigo na sala e que ele disse: nossa, seu inglês está ótimo! E eu fiquei super feliz!
Mas lembro de evitar conversar com os filhos, por exemplo, já que eu sentia que eles falavam mais rápido e às vezes eu me embolava toda para entender.
Lembro que o Daniel me desafiava até nas lojas do Shopping por exemplo para perguntar onde estavam mais peças ou se tinha outros tamanhos das roupas. Às vezes era engraçado porque eu voltava pra perto dele sabendo menos da roupa do que antes.
Como superar isso: você está fazendo intercâmbio justamente para falar e entender mais fluentemente um novo idioma, não entender nada no início é normal. O que não dá para fazer é deixar de tentar se comunicar, afinal, só se comunicando é que você vai realmente aprender mais sobre o idioma.
3. Saudade de casa
Não tem como omitir isso, eu senti saudade de casa sim. Senti saudade de conversar com os meus pais, de vê-los no dia a dia, imagine que até no meu aniversário de 23 anos ainda estava no intercâmbio, então passei longe deles.
Lembro de estar em uma chamada de vídeo com os meus pais no meu aniversário e meu pai soltar: “Quem diria que você estaria comemorando 23 anos no Canadá, hein?” E eu só consegui chorar de felicidade e saudade ao mesmo tempo.
Eu sei o quanto foi difícil estar ali naquela viagem, quando tempo eu fiquei pagando as mensalidades, quanto tempo fiquei juntando dinheiro de estágio, tudo isso. Só eu sei o quanto foi difícil e conseguir realizar esse sonho foi mágico. É uma sensação muito boa.
Mas não dá para negar que eu queria que todos lá em casa tivessem a chance que eu tive de fazer um intercâmbio tão incrível quanto esse.
Como superar isso: use a tecnologia a seu favor. Se bateu saudade dos seus pais, faça uma chamada de vídeo e converse com eles. Diga como foi o seu dia, o que aprendeu de novo, os lugares que visitou, as coisas que comprou.
Apresente a host family para os seus pais e mostre a casa e quarto onde está instalado. Eles querem participar de tudo com você, mesmo que de longe.
Vale gravar os pequenos momentos que eles se identificaram também, assim você e sua família ficam mais próximos mesmo distantes.
O Daniel adorava gravar sobre os lugares que estávamos e o que estávamos comendo para mandar para os pais dele. Já os meus adoravam acompanhar tudo o que compartilhava nos stories do Instagram. Encontre um jeito de deixá-los mais próximos!
4. Datas comemorativas sem comemoração
Quem aí sonha em fazer intercâmbio durante o Natal para ter aquela comemoração e decoração dentro de casa no estilo Esqueceram de mim? Muita neve então, melhor ainda não é mesmo.

Andar pelas ruas de Richmond na parte da noite é o mesmo que se sentir naqueles filmes Natalinos. Tiramos essa foto que era de uma das casas próximas das que morávamos em Richmond
Pois bem. Pode ser que nem tudo se realize no seu intercâmbio, assim como no meu. Imagine que a host family era de uma religião que simplesmente não comemora o Natal. Nadinha. Nada de árvore de Natal, ceia, nada. O dia 25 de dezembro foi um dia como qualquer outro no intercâmbio. E o pior, nem nevou no dia. Trágico.
No ano novo a família fez uma comemoração em casa mesmo, muita comida e até os vizinhos foram para lá também. Ficamos jogando cartas e ouvindo música a noite inteira. O mais legal era a diferença de hora, enquanto no Brasil já era 2019, ainda estávamos em 2018.
Como superar isso: No Natal, por exemplo, uma forma de superar isso é saber previamente que a família não comemora a data e programar algum passeio natalino no dia. Vários lugares em Vancouver ficam enfeitados, marque de ir neles nesse dia. Ou combine de ir na casa de um amigo da escola que comemore.
Outra forma é tentar entender o que a família normalmente comemora nessa data e ir para cima para entender essa nova cultura. Se jogue!
5. Aquela dor silenciosa que te dá vontade de chorar de madrugada
Não sei explicar como é isso, mas possivelmente você vai sentir em algum momento da viagem. É uma vontade de chorar, uma saudade de casa, da sua rotina, saudade de tudo que deixou para trás, saudade dos seus pais, saudade da comida, saudade do clima, saudade só… Mas uma saudade que traz uma vontade de abrir a boca para chorar.
Eu chorei sozinha no meio da noite em silêncio com medo de dar tudo errado. Com medo de não ter dinheiro para fazer os passeios no intercâmbio, com medo de acontecer algo com a minha família e eu estar longe demais para ajudar.
Você simplesmente sente medo, um sentimento bobinho que fica te chateando mas que é para você sentir sozinho. Por isso não acordava o Mô quando estava assim e, principalmente, não contava para os meus pais. Era um sentimento que eu não poderia passar adiante.
Todo mundo está sofrendo por causa da saudade e não dá para ser egoísta o suficiente para pensar que está rolando só com você.
Como superar isso: chorar de saudade não é ruim não, é bom, alivia. Não tem problema algum chorar de vez em quando quando bater aquela saudade de casa. O que não vale é ficar só dentro do quarto implorando para ir embora. Nunca perca o seu objetivo, afinal, você está ali para aprender um novo idioma e de quebra ainda conseguir se virar sozinho. Você vai amar essa experiência.
Separei esses cinco momentos porque eu queria mesmo te dizer que nem tudo vai ser fácil, mas se é isso mesmo que você quer, corra atrás e seja forte antes, durante e depois, porque agora que voltei, já quero ir outra vez.
Até o próximo post,
Beijos
-Aninha Carvalho