Quer fazer um intercâmbio e está totalmente sem rumo? Eu também estava. Sabia que de certa forma conseguiria pagar o pacote da agência, mas e o que viria depois? Eu nunca parei para pensar nisso e em outras diversas situações que poderiam rolar. A pior parte é que ninguém nunca comentou sobre nenhuma delas comigo.
Por isso, eu estou aqui hoje para fazer esse papel de amigo para você e te dar uns conselhos sobre fazer intercâmbio. Espero que ouça (leia) todos eles e, claro converse com a sua família para que juntos consigam pensar nas melhores soluções.
1. Juntar juntar juntar
Já falei juntar? Para fazer intercâmbio, você precisa de dinheiro. Terá que juntar menos, claro, se você for com a intenção de trabalha no país. Agora, se for apenas para estudar inglês (ou qualquer outra língua), como eu fui, você vai precisar dar um jeito de guardar dinheiro.
E se você está pensando aí: “ah, ainda estou na faculdade, meu estágio paga pouco e não vou ter como pagar tudo”. Saiba que eu comecei a pagar o meu intercâmbio quando estava estagiando. Sim, ganhando lá os meus R$600.
Eu sempre gostei muito de escrever e nessa época fazia uns freelas e conseguia juntar mais uma graninha para completar as parcelas do intercâmbio que no início eram mais de mil reais por mês.
Além disso, também era blogueira no Drops das Dez, então isso me ajudava também a conseguir completar as parcelas do mês.
Tá vendo? Tudo tem jeito.
Vale lembrar que se inicialmente você tem dificuldade em guardar dinheiro, é importante pensar na possibilidade de pagar pra agência um boleto mensalmente. Assim, você evita essa catástrofe de falar que vai guardar e aparecer mil contas na frente do seu sonho de fazer intercâmbio.
PS: É essencial que você comece a juntar dinheiro antes de começar a pagar o intercâmbio em boleto, porque as agências pedem que você dê uma entrada. Eu dei a minha bem baixa (menos de mil reais) e me arrependo porque as parcelas ficaram bem altas. Lembre-se: quanto mais você der de entrada, melhor.
E se descobrirem que guardo dinheiro?
A pior parte é que parece que os pais percebem que estamos guardando dinheiro e sempre pedem emprestado, né? Isso rolou algumas vezes comigo, mas sempre dava um jeito de contornar isso.
Por exemplo, se emprestava o dinheiro que guardei pro meu irmão, pedia que ele pagasse até tal parcela da minha passagem de avião para compensar. Acabava que ele super me ajudava e pagava umas a mais também. Ou se emprestasse pros meus pais, eles me ajudavam comprando as roupas de frio para o intercâmbio, sabe? Sempre assim, uma mão lavando a outra. Até porque eles talvez não conseguiriam passar o dinheiro todo pra mim depois, então comprando assim na loja, no cartão e parcelado, dava para aliviar pra eles e eu não perderia o dinheiro que guardei.
Não se desespere!
Eu sempre ficava desesperada fazendo mil contas e acabava caindo na ideia de que nada daria certo, de que não teria dinheiro pra fazer nada. Eu confesso que já pensei nisso várias vezes, já chorei achando que iria pro país e não conheceria nem sair pra lugar nenhum porque não teria dinheiro. Sério, pensar nisso é de arrancar o coração.
Mas quer saber uma coisa que aprendi? Se você não tem muito dinheiro pra sair durante o intercâmbio para conhecer cidades diferentes e tal, não tem problema. Tudo ali será novo pra você. Ir na praça ou em um parque já será uma aventura inesquecível. O passeio que fizemos no Lynn Canyon Park, em Vancouver, não pagamos nada para entrar e nem lá dentro e foi simplesmente maravilhoso. Sabe? Uma verdadeira aventura.
- Aperte o play abaixo para conferir todo o passeio no Lynn Canyon Park:
Vale a pena procurar lugares para ir que não tenha que sempre pagar para entrar, aposto que vai encontrar vários. E se não quiser gastar dinheiro com comida, peça para a família que você está morando fazer um sanduíche pra você ou faça um lanche de casa para levar, se morar sozinho. Isso não é vergonha nenhuma, viu, muito pelo contrário. É ser responsável e conseguir mensurar o quanto pode gastar em cada passeio.
2. Vai ter muita coisa além do pacote da agência
Depois que terminei de pagar o intercâmbio – fiquei quase um ano e meio pagando a agência – percebi que ainda faltavam mil coisas para pagar. Isso porque só tinha feito um pacote com 1 mês de acomodação em casa de família (quarto duplo) e três de curso de inglês. O que faltava?
- 2 meses de acomodação
- 3 meses de transporte público para rodar na cidade e ir pra aula
- 3 meses de seguro viagem (não pode viajar sem, pelo menos pro Canadá, mas sério, vale a pena ter, nunca se sabe quando vai quebrar a perna no Snowboard),
- Casaco e bota impermeáveis (viajei durante o inverno)
- Segunda pele (calça jeans deixa tudo gelado e passa vento por ela, então precisava por algo por baixo)
- Visto canadense
- Mala Grande
- Passagem de ida e volta para o Canadá
Já consegue imaginar a razão do meu desespero que citei no tópico acima, né? Exatamente.
Acredito que seja por isso que adiei a data da viagem umas duas vezes. Se for parar pra pensar, em um ano não dá para conseguir pagar isso tudo e ainda ter dinheiro para ir pro intercâmbio, né?
Só para você ter uma ideia do quanto de planejamento tivemos que fazer e do tanto de tempo que demorou até, finalmente, irmos pro intercâmbio, eu comecei a pagar o meu no meio da faculdade (são quatro anos de jornalismo) e só fui mesmo um semestre depois de formar. Nu! Pelo menos uns 5 semestres juntando dinheiro pro intercâmbio.
3. O verdadeiro significado de correr de brasileiros no intercâmbio
Agora vamos sair do sufoco de falar de dinheiro e vamos conversar sobre os brasileiros fora do país. Sério, você vai ficar impressionado com o tanto de brasileiro que vai encontrar (pelo menos em Vancouver tinha demais). Eu e o meu marido achávamos que ninguém estava entendendo o que estávamos conversando, mas sempre tinha um brasileiro por perto.
Na escola de idiomas então, eram só brasileiros e asiáticos, juro. Na minha sala sempre tinha mais de dois brasileiros. Já fiquei em uma que tinha mais de quatro! OMG!
Todo mundo fala que você precisa correr de brasileiros no intercâmbio, mas não é bem assim, viu?
Os brasileiros podem te ajudar e muito também. O que não vale é andar só com eles e sem nenhum outro estrangeiro. Isso porque quando estão em grupo a língua que todos querem aprender é o inglês, então imagine a situação: um asiático, um turco e um brasileiro, em qual língua eles conversariam? Exatamente, em inglês.
Sempre que for passear ou conversar com um brasileiro, tente enturmar mais pessoas na conversa, assim você aplica o inglês que tanto quer aprender.
Até porque ninguém merece passar horas no avião pra correr do Brasil e fazer intercâmbio pra continuar conversando só com brasileiros. Vá conhecer outras culturas! Mas, claro, sem esnobar a sua. Brasileiros sabem se divertir, disso não tenha dúvida.
E o legal é que vai conhecer brasileiros de outros estados, como da Bahia, do Rio de Janeiro, de São Paulo.
O mais legal é que enquanto estão falando em inglês, você não consegue perceber o sotaque diferente do rio puxando o x ou com mais molejo do baiano. Em inglês ninguém tem sotaque, será engraçado perceber.
- Fiz um vídeo mostrando um dia comigo no intercâmbio, vale a pena dar o play para conhecer melhor a escola de idiomas por dentro:
4. O que comprar fora do país?
Um dos lugares que mais amei em Richmond foi o Bazar. A família que ficamos tinha parentes na Filipinas e que não tinham tanto dinheiro assim, então eles compravam muita roupa no bazar para enviar pra família. Por isso, eles viviam aproveitando as promoções e iam pro bazar sempre.
Teve até um dia que era promocional para os seniors e a vovó levou a gente para aproveitar essa promoção com ela. Foi muito divertido.
Compramos muitas roupas de frio para usar durante os três meses que salvaram muito por lá, mas que estão guardadas dentro da mala hoje.
Então, se você quer comprar mais roupas de frio durante o intercâmbio, a dica é comprar em lugares mais baratos como bazares e em promoções do shopping. Isso porque possivelmente ficarão guardados na mala ou ocupando espaço no seu armário quando voltar, mas pelo menos você não terá gastado uma fortuna comprando por lá.
Eu acredito que fazer intercâmbio também seja aproveitar o momento para comprar eletrônicos, roupas e calçados que não teria dinheiro para comprar no Brasil. Por exemplo, eu comprei 2 tênis Vans, que no Brasil custariam mais de R$200 cada por apenas CAD$30 no total. Como o dólar canadense é mais barato que o americano, então ficou aí mais ou menos uns R$90 pra dois tênis que no Brasil eu não compraria nenhum com esse valor.
Outro exemplo, é para quem curte comprar eletrônicos. Eu comprei meu iPad no Canadá pelo Craigslist. (Tem post aqui no blog com toda a minha experiência). E não me arrependo. Até porque pagaria mais que o dobro aqui no Brasil. Sabe?
Agora, se quiser comprar esses itens mais robustos durante o intercâmbio, vale voltar para o item um dessa lista de conselhos e começar a juntar dinheiro.
5. Cada família tem uma cultura diferente
Uma das escolhas que mais pode dar errado durante o intercâmbio é a acomodação.
Você pode cair em uma família super legal como pode ser terrível e querer mudar de família na semana seguinte. Isso não é certo de conseguir prever.
Acredito que seja até por isso que na hora de comprar o pacote do intercâmbio, a agência prefira te vender apenas um mês de acomodação e você decide depois onde passará os outros dois. O que eu achei terrível porque poderia ter quitado antes e evitado gastar uma grana durante o intercâmbio. Mas faz parte. É realmente imprevisível.
Eu tive uma experiência incrível com a família filipino-canadense. Eles nos levaram para fazer compras, conhecer pontos da cidade, foi realmente bem divertido. Além disso, me ensinaram muito também, fiz um post nos primeiros dias do intercâmbio com tudo o que o Host Dad me ensinou. Vale a pena dar uma olhada.
Esse momento de troca de experiências é importante principalmente para você saber o que pode ou não falar para as pessoas do país. Aprendemos a não falar apontando, aqui no Brasil temos essa mania, por exemplo, lá é muito rude. Detalhes que custaríamos a aprender sozinhos no dia a dia.
Além disso, os hábitos alimentares são bem distintos. Imagine que no Brasil temos esse costume de fazer uma almoço bem preparado enquanto algumas famílias costumam nem jantar. Lá é diferente, eles se preocupam muito mais com a janta e deixam o almoço como um lanche. Vários detalhes que vamos nos acostumando ao longo do intercâmbio.
Crie laços
O conselho principal que eu tenho caso decida ficar em uma casa de família, HostFamily, é se relacione! Imagine se fosse ao contrário, você recebendo um estudante internacional em sua casa. Você adoraria saber sobre o que ele come em casa, quais os costumes, como é a cidade dele, isso vai acontecer também com a família que você ficar no intercâmbio. Eles vão querer conhecer tudo sobre você e você sobre eles.
Só fazemos o primeiro contato com a família um mês antes de embarcar, pode ser que seja mais tarde, apenas algumas semanas. A agência geralmente te passa o e-mail do responsável na família para que conversem. É essencial que envie um e-mail se apresentando e contando tudo o que espera dessa viagem. Aproveite esse momento para treinar o seu inglês na escrita, assim a família já se prepara para entender qual é o seu nível de inglês.
Lembro que enviei a minha e o meu marido conversou dias com o nosso HostDad pelo Facebook antes da viagem. Foi ótimo porque ele perguntou sobre vários detalhes dos nossos costumes, de alimentos e já sacou de cara que eu sou uma menina mais tímida, já que não puxei tanto papo. Mas, no meu caso, o meu marido estava puxando, então tudo bem, no seu caso (se for sozinho) converse o máximo que puder e o quanto te derem abertura para isso, claro.
Eles adoravam saber como era a nossa cidade, conheciam até um restaurante brasileiro em Vancouver e adoravam a comida. O mais legal era ficar horas ali depois do jantar conversando. Eles perguntavam sobre os nossos costumes no Brasil, o que fazíamos, os pontos turísticos da nossa cidade, mostrávamos tudo pelo Google Maps e era bem divertido. Vale muito a pena fazer essa troca, afinal, eles serão a sua família enquanto estiver no país.
Acredita que eles até ajudavam a gente a enviar dinheiro de forma mais barata e rápida para o Canadá? E até a Host Mom aprendeu a fazer pão de queijo pra agradar a gente. Ah! Sério, espero que vocês aproveitem essa oportunidade tanto quanto nós aproveitamos.
Espero que você tenha curtido todas as dicas e, claro, não deixe de mandar nos comentários quais são as suas maiores dúvidas relacionadas ao intercâmbio. Vou ajudar com todo prazer do mundo, sério!
Até o próximo post,
–Aninha Carvalho
11 Comments
Parabéns pelo blog! Então, foram ótimas as suas “tips”. Entretanto, acredito que seria interessante e útil compartilhar informações sobre o custo benefício do intrcãmbio em relação ao inglês ensinado nessas escolas!
Será que não enfatizam mais gramática??
Um grande abraço!
PS. Sou professor de inglês.
Boa ideia, Mário, dica anotada. Farei um post sobre o assunto e te aviso aqui no comentário quando estiver pronto.
Oii, Aninha! Tudo bem? Conheci seu blog há pouco e já adorei! Me identifiquei muito com as partes de planejamento, pois vou para Vancouver em janeiro e minha viagem também já foi adiada kkkkk. Estou bem insegura por conta do tempo e das roupas, que ainda preciso conseguir rsrs. Enfim, adorei seu blog, vou acompanhar você no YouTube também. Se puder entrar em contato, gostaria de tirar algumas dúvidas! Beijos
Ei, Nicole, tudo bem e com você? Nossa! Tá chegando janeiro, hein? Que sonho! Aproveite muito essa oportunidade. Cada dia é único e maravilhoso por lá, curta cada momento mesmo. Tem um post no blog aqui sobre as roupas que usei no intercâmbio, talvez te ajude bastante. É nesse link aqui: http://diariodaaninhacarvalho.com/roupas-de-frio-inverno-canada-vancouver/. Eu também aproveitei para fazer compras em lojas super baratinhas por lá e pegar várias peças de frio, mas acredito que seja sempre bom ter uma, mesmo que seja comprada no Brasil (em lojas especializadas, claro) para levar e não chegar de mãos abanando. Pode ficar de olho que em breve teremos mais vídeos no canal sobre o intercâmbio. Pode me chamar sim. Pode ser pelo Instagram (@diariodaaninhacarvalho) ou pelo e-mail: contato@diariodaaninhacarvalho.com Aguardo seu contato! Obrigada!
Obrigado Aninha por mostrar a realidade e me tirado diversas dúvidas, além de mostrar que entramos em desespero e ansiedade vira um caos, eu pretendo ir fazer intercâmbio algum dia e guardarei bem essas suas dicas. Você foi minha porta da esperança ❤ Beijos e muita luz ?
Obrigada, Jennifer. Espero poder te ajudar ainda mais nesse caminho rumo ao intercâmbio. Sempre que tiver alguma dúvida, é só me procurar por aqui ou pelas redes sociais do blog, viu? E bora fazer esse seu sonho se tornar realidade, hein? Firme aí ❤
Parabéns pelo blog. Gostei demais. Tudo o que pudermos aprender antes de viajar é sempre válido porque podemos passar pelas mesmas situações e com certeza não sofreremos tanto. Valeu muito as dicas. Obrigada!
Muito obrigada, María. Exatamente! Acredito que ouvir conselhos nessa hora é sempre o melhor mesmo. Quem foi sabe o que passou e pode passar pra frente, assim outras pessoas não precisam passar pelas mesmas situações e as experiências só vão melhorando. Obrigada pelo feedback, adorei!
Bom dia Ana ! Sou Professora aqui em Curitiba, estou me aposentando e pretendo viajar por aí conhecendo justamente o Canada e USA. Tenho um nivel intermediário de ingles. Tenho muitos amigos nesses lugares e onde posso ficar hospedada sem gastar nada. O que voce pode me dizer sobre viajar sem compromisso de intercâmbio e ficar livre p ir onde quisere sem gastar tanto ? Sera difícil as passagens dentro do país ?
Abraços
Olá, Simone! Sonho de consumo essa sua ideia! Melhor ainda que é sem gastar com acomodação, porque, sério, fica muito caro ter que pagar Airbnb, casa de família ou até alugar um apê. Ter amigos pelo mundo vai fazer com que a sua viagem fique muito mais em conta. Agora, sobre as passagens dentro do país, acredito que se estiver com o visto certinho, não terá problema com isso. Abraços!
Olá Aninha!! Vou pra Vancouver em Janeiro e como estou pesquisando váárias coisas, seu blog acabou aparecendo nos interesses (foi um achado), me identifiquei com várias coisas e consegui sanar muitas das minhas dúvidas. Realmente adorei saber alguns detalhes de alguém que foi e curtir um pouco da sua experiência por lá. Mas como moro em cidade pequena e vai ser minha primeira viagem pra fora do Brasil ainda estou com algumas dúvidas e muuuito nervosa com a ideia de estar longe da minha família. Vou ficar apenas 1 mês mas acredito que seja tempo suficiente para uma experiência incrível. Como posso entrar em contato pra saber um pouco mais? Obrigada. Beijos!!
Ei, Eduarda, tudo bem? Nossa, que maravilhoso. Vai amar Vancouver tanto quanto eu, realmente me apaixonei pela cidade. Fico feliz de ter encontrado o blog, estou cada vez mais empenhada a trazer conteúdo de qualidade e contar a minha experiência durante o intercâmbio e saber que curtiu me dá um up e tanto. Obrigada! Pode contar comigo, Eduarda. Vale me chamar tanto nas redes sociais (sempre respondo no Instagram) e também por e-mail. PS: Podemos conversar no WhatsApp também, me chama aí que combinamos melhor. O que ficar mais prático para você. Beijos!
Meu e-mail: contato@diariodaaninhacarvalho.com
Instagram: https://instagram.com/diariodaaninhacarvalho