China! Isso mesmo! Você já pensou em fazer Au Pair na China? A jornalista Lola Cirino decidiu embarcar nesta aventura e a entrevistei para trazer dicas, conselhos e para que possamos entender toda a experiência dela como Au Pair por lá.
No conteúdo de hoje, separei 5 dicas para você que está pensando em fazer Au Pair na China. Aqui você encontrará informações importantes para entender como contornar problemas e até evitá-los durante toda a viagem.
Para começar, a nossa entrevistada de hoje é Lola Cirino, para encontrá-la nas redes sociais, basta procurar por @LolaCirino no Instagram e no Youtube Voa Lola Voa.
Então, vamos lá!
O que faz a Au Pair na China?
Primeiro, precisamos estar na mesma página: como assim Au Pair na China, o que a Lola fazia por lá? Trabalhava? Estudava?
Lola: Na China a A u pair é professora de inglês, não babá mesmo. A gente não dá banho, faz comida, escova dente, leva pra escola e tal. A gente faz a criança falar inglês e ensina.
A Lola tem um canal no YouTube chamado “Voa Lola Voa” e explicou vários detalhes da diferença entre o Au Pair na China e nos EUA. É só dar o play no vídeo abaixo:
Rotina de Au Pair na China
Nas férias escolares: “Eu ficava com as crianças nas férias o tempo todo. Brincava, saia pra passear, viajava… tinha um dia livre.”
Quando as aulas voltaram: “Depois, quando eles começaram a ter aula, eu saia durante o dia e ajudava no dever de casa, conversava e brincava quando eles tinham tempo livre.”
Tempo para estudar
Lola tinha aulas online na primeira família então, tinha “um dia separado em que ia pro quarto estudar e depois voltava a rotina”.
Porém, algo que a chateou muito, foi o fato de terem mentido a respeito das aulas na Faculdade de mandarim, que a própria agência paga para a Au Pair. “Disseram que eu podia entrar no meio do semestre, mas não deixaram”, recorda. A solução encontrada foi “uma das moças da agência me dava aula particular”, disse.
Tempo para sair
“Com a segunda família eu tinha dois dias livres e as horas dos restos dos dias. Aí dava pra sair, encontrar os amigos, fazer as coisas lá. Foi melhor. Ficava com a criança no horário programado e podia sair no resto”, explica Lola sobre o momento de lazer no Au Pair para a China.
Visto isso, vamos para as dicas.
1. Fique atento às famílias perigo
O primeiro conselho é referente à escolha da família.
Na hora de escolher a família, a Au Pair precisa preencher um formulário que, segundo Lola, possui um formato bem simples quando é direcionado para a China.
“Perguntam o gênero, idade, tempo de experiência com crianças e o que fazia com elas, lugar em que queria trabalhar (a cidade chinesa pra onde gostaria de ir, que serve como ajuda mas não é garantia de que você vai conseguir), quais são os seus hobbies e tal. No geral, eles tentam ver se os hobbies combinam e se o perfil parece dar um bom encaixe”, disse.
Quando perguntei para Lola de onde tinha surgido a ideia de ser Au Pair na China, ela me contou que já tinha interesse no programa há anos, desde que estava na Faculdade de Jornalismo, mas que os pais a obrigaram a terminar o curso para poder viajar.
“Quando estava no fim [da universidade], já estava online com uma agência americana, mas acabei vendo um post sobre uma viagem grátis pra China e era como Au Pair. Aí decidi ir. Foi bem “apareceu na minha cara”. Eles já tinham uma família em mente e eu gostei deles, então foi match”, conta sobre a primeira família que a recebeu na China, em seus primeiros três meses.
“A minha primeira era fofa e queria fazer as minhas vontades e tal, mas nunca me deram um schedule. Então, eu trabalhava da hora que eles levantavam até a hora que iam dormir. Era o dia inteiro com as kids, porque eu não sabia oficialmente quando eu podia ir para o meu quarto. Nessa época, eu tinha um dia livre por semana. Foram três meses bem corridos. Só melhorou quando as aulas começaram e eu tive mais tempo pra mim”, relembra.
Família perigo? Como assim?
Porém, nem tudo são flores. Além da falta de schedule na primeira família, Lola conviveu com uma segunda família abusiva.
Lola: Eu tive basicamente duas famílias perigo, então… hahahaha família perigo é como a gente chama no mundo de Au Pair as famílias que não seguem as regras do programa, que abusam e tal.
Lola revelou que o relacionamento que teve com a segunda família em que foi Au Pair na China “foi realmente abusivo”.
“Meus hosts eram mais velhos e criavam a criança como se ela fosse neta, não filho. Meu host kid os agredia, gritava, fazia o que queria em casa. E tinha sete anos. Ele me bateu de tirar sangue mais de uma vez e me tocava. Eu falei com a família, com a agência e com o diabo a quatro e só consegui sair de lá porque quebrei o contrato. Se fosse pela minha experiência, ninguém seria au pair na China hahahahahah mas tenho amigos que tiveram sorte. Tudo depende da família que você tira”, conta.
“Acho que você tem que ficar esperto e saber o que de ruim pode acontecer. Quando você sabe, ajuda bastante. Você fica atento aos sinais”, alerta Lola.
Neste momento, Lola está como Au Pair na França e sentiu a diferença. “Agora, como au pair na França, eu estou vivendo um outro mundo. Minha família segue os acordos, respeita o trabalho e tal. Estou adorando”, disse entusiasmada e ainda relembrou que se tivesse encontrado uma família assim na China “teria ficado mais”.
2. Não deu certo, como faço para trocar de família?
Depois de saber sobre essa experiência ruim vivida pela Lola na China, fiquei curiosa para entender como seria o processo para evitar esse match ruim.
Lola me explicou que esse processo de troca de família é chamado de Rematch e completou dizendo que lá, pelo menos com as suas antigas agências, é “complicado”.
“Você precisa entrar em contato com a agência, justificar a troca, eles precisam confirmar que não existe outra forma de solucionar o problema e precisam de outra família que aceite a au pair. Eles também precisam arrumar outra au pair pra casa. Por isso, pelo menos na China, não é tão fácil. A minha agência demorou muito pra aceitar que eu iria ter rematch e mesmo assim não quiseram me dar outra família até verem que eu ia sair do programa se não fizessem isso”, conta.
Uma dica que a Lola deu, caso isso ocorra com você é: “Quando você vai por agência, o negócio é conversar com eles. E também conversar com a família. Muita coisa pode ser resolvida entre você e eles, não precisa envolver os agentes na conversa todas as vezes que surgirem divergências“.
Além disso, algo que você pode fazer para entender se deu match mesmo com a família é bater um papo e colocar os pingos nos is.
“O único modo de evitar é realmente conversar com as famílias e tentar achar uma que atenda os pontos que você não abre mão. Você gosta de sair? Então avisa pra família pra ter certeza de que eles não vão ser o tipo que vão ficar chateados com você indo passear o tempo todo. Confirma se vai ter curfew, as chaves da casa – a minha primeira não me deu chave, dias livres e tal pra saber se tem alguma coisa que você não vai suportar na família.”
“Na China, nós não ficamos online como nos EUA. A gente preenche um arquivo e a agência mostra pras famílias que podem se interessar no nosso perfil. Então, depende das famílias que a agência tem”, completou.
3. Não espere pelo inglês perfeito para ser Au Pair
Pode tirar essa ideia da cabeça, combinado. Conversei com a Lola e ela disse que é óbvio que “quanto mais você souber [o inglês], mais famílias vão se interessar”. Mas não pense assim, afinal é preciso ver o intercâmbio como uma oportunidade para aprender.
Lola: Eu sempre estudei porque eu gosto, mas nunca estudei pelo intercâmbio porque minha intenção era ir pra aprender. Nos EUA, você só precisa saber o básico, porque o intercâmbio é exatamente pra aprender. Claro que quanto mais você souber, mais as famílias vão se interessar. Mas, tecnicamente, a gente vai pra aprimorar.
No entanto, pra China, você realmente precisa saber inglês. As agências que eu conheço, pelo menos, pedem pelo nível avançado. Então, a minha dica é: para aprender inglês, escolha os EUA. Mas, se você tem um inglês de intermediário para avançado, já dá pra se preparar para a China.
E a grande dúvida: preciso aprender mandarim para ser Au Pair na China? “Eu não aprendi mandarim não. Na China a Au Pair é professora de inglês, não babá mesmo. A gente não dá banho, faz comida, escova dente, leva pra escola e tal. A gente faz a criança falar inglês e ensina.”
4. Pesquise sobre como é a viver na China
Assim como eu, você também deve ter certas perguntas sobre como é viver na China, não é mesmo? Algo que me assusta mais é ter parte da internet bloqueada.
A Lola me explicou que para contornar isso, eles usam o VPN, que é como se você conseguisse simular que você está em outro lugar do mundo.
“Elas [As Redes Sociais] são bloqueadas sim. Usávamos VPN pra conseguir acessar o insta, WhatsApp e tal. Mas parece que agora eles estão começando a suavizar isso.”
Além disso, o Wechat, aquele aplicativo que simplesmente não fez tanto sucesso no Brasil, é o mais usado na China. Ele é considerado um super app, já que as pessoas conseguem fazer absolutamente tudo nele.
“Usamos o wechat (a versão chinesa do WhatsApp) pra tudo. Fazer transferência bancária, pagar as compras, pedir táxi, comprar passagem de trem, de avião, pra ver promoções, notícias, postar fotos, músicas… é o app que tem tudo. Ligação, mensagem de texto e voz, fotos e vídeo também hahaha”
5. Ouça conselhos de quem já foi
O melhor presente que a Internet nos trouxe foi conseguir encontrar pessoas do mundo todo e ter criadores de conteúdo sobre todos os assuntos que você imaginar. Por isso, é interessante que você, que queira viver essa experiência como Au Pair na China que ouça os conselhos de quem já passou por essa experiência.
Fiz algumas perguntas para a Lola Cirino que podem te dar uma luz. Olha só!
Quais você acredita que foram os seus maiores desafios na China e o que fez para superar cada um deles?
- Ser parte da família: “Eles cobram bastante esse quesito e na minha família era um problema. Eles acabavam me pedindo pra não sair de casa mesmo nos meus dias livres e eu acabei ficando sufocada com isso.”
- Ter horário para voltar pra casa: “Você acaba não aproveitando tanto porque está sempre pensando na hora de pegar o metrô. Então, uma família sem curfew ou uma que aceite que você durma fora é o ideal”
- Não ter ido para a faculdade: “Acho que você precisa confirmar tudo mil vezes e manter anotado e registrado para cobrar quando chega lá.”
Quais conselhos você daria para alguém que pensa em ser Au Pair na China?
“Para quem quer ser au pair lá, aconselho a juntar dinheiro para uma passagem de volta, ir para ficar no máximo seis meses (se você gostar, vai poder encontrar meios de ficar. Se não, vai conseguir aguentar seis meses e voltar pra casa) e nunca entregar nenhum documento para a agência. Só cópias.”
Quais conselhos daria para quem já está com as malas prontas para ir?
“Pra quem já está com as malas prontas, se joga hahahaha não tem muita opção. Leva uma extensão, um adaptador universal e a mente aberta. Vai ser uma das melhores experiências ou choques e vai te mudar bastante.”
O que você acha que poderia ter sido diferente em sua experiência na China e como mudaria isso?
“Se eu tivesse economizado dinheiro para a passagem de volta antes de ir pela segunda vez, não teria vivido metade dos problemas que eu vivi. Então, tenha dinheiro reserva.”
“Na primeira vez fui com a de ida e no fim do contrato eles me davam a de volta. Na segunda eu fui só com a de ida e ia passar mais tempo lá, então não comprei a de volta. Eu sabia que voltaria em julho, só não o dia exato.”
Racismo no Au Pair na China
Para finalizar, gostaria de compartilhar um vídeo feito pela Lola sobre racismo na China. Ela contou a experiência dela por lá de uma forma muito genuína e esse vídeo, com certeza, precisa ser visto por você que está pensando em passar essa experiência como Au Pair.
É só dar o play abaixo ou assistir aqui.
Espero que você tenha gostado deste conteúdo e, claro, possa ter entendido um pouco mais sobre como é a experiência sendo AuPair na China. Mande nos comentários se você está pensando em ir para lá.
Não se esqueça de seguir a Lola nas redes sociais e acompanhar as aventuras dela como Au Pair pelo mundo. Tenho certeza que vai amar.
Abraços,
-Aninha Carvalho
*Entrevista realizada no final de 2019, antes da Pandemia da COVID-19.
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