Tenho certeza que você não acreditou quando o filme O Poço terminou sem nenhuma explicação. Aposto que ficou ali uns bons segundos tentando assimilar tudo o que aconteceu. Para te ajudar com isso, resolvi reunir as diversas explicações do filme que estão circulando na internet. Tenho certeza que agora vai ficar bem mais fácil. Vamos lá!
CONTÉM SPOILER
Sinopse do filme O Poço (disponível na Netflix)
Nesta prisão, ninguém sabe o quanto terá de comida. Mas um detento se cansou de passar fome e resolveu mandar um recado.
Assista ao trailer abaixo:
O que está acontecendo no filme O Poço?
Primeiro, antes de mais nada, é preciso ter em mente que o poço é um tipo de prisão vertical. Aquelas pessoas ou foram por vontade própria, como é o caso do personagem principal Goreng que entrou para se livrar do vício do cigarro, ou estão ali para cumprir uma pena, como foi o caso do primeiro companheiro de cela dele, o sr. Trimagasi.
Logo nos primeiros minutos do filme, o senhor que divide a primeira cela com Goreng explica a lógica de como funciona o poço:
- Existem três classes de pessoas: os de cima, os de baixo e os que caem.
- O que vamos comer? É óbvio: o que sobrou lá de cima.
- Em que consiste esse poço? Óbvio, comer. Às vezes é bem fácil. Às vezes, bem difícil. Depende do seu nível. Por sorte, o nível 48 é bom.
- Tem mais gente lá em baixo? Em breve haverá menos.
- Podem me ouvir aí embaixo? Não os chame. Por que não? Porque estão abaixo.
- Os de cima não respondem. Por quê? Porque estão acima, óbvio.
- Quanto tempo ficaremos neste nível? Um mês exatamente.
- Vejamos. Se há 47 níveis acima e duas pessoas por nível, estamos comendo as sobras de 94 pessoas pessoas? Não se preocupe, em breve haverá menos pessoas acima.
- Você não vai comer? Não tenho fome. Mas terá.
- Por que disse que terá menos gente? Não direi que é óbvio, pois não é. Eu só entendi quando fui para o nível 8.
- Não vai comer? Não. Que desperdício. Você não merece estar neste nível.
A desconfiança é algo muito presente nas relações dentro do poço
O poço gera uma relação de desconfiança, principalmente com quem está mais próximo de você, com quem você está dividindo a cela. Isso é muito bem representado quando Goreng se apresenta e estica as mãos para o sr. Trimagasi que, na mesma hora, pede que ele fique do lado dele do poço.
Confesso que, naquela situação e um buraco daquela imensidão tão próximo, também não teria coragem de esticar a mão. Nunca se sabe quando alguém vai te empurrar de lá e cima, não é mesmo?
Saber o nome
Logo no início, Goreng tenta trazer alguns diálogos comuns da vida fora do poço, como se apresentar e perguntar o nome das pessoas. Mas é surpreendido com o quanto isso perde o valor dentro do poço, veja o que o sr. Trimagasi disse:
“Sim. Temos que saber o nome dos outros. Vamos passar um bom tempo juntos. Ou não. Quem sabe?”
Relação ganha-ganha
Após contar vários detalhes importantes sobre o poço, sr. Trimagasi diz que agora só vai contar algo que ele souber, se Goreng trazer algum informação para ele.
Isso demonstra uma pitada da perda de noção de solidariedade. Ninguém está ali para ajudar um ao outro, ambos precisam receber algo em troca.
Dias bons e ruins
O próprio fato deles estarem em cada mês em uma cela de número diferente, nos mostra os dias bons e ruins da vida. Isso já nos traz uma certa ideia de reflexão sobre os nossos próprios dias e como vamos agir frente aos desafios que estão por vir.
Isso é bem ilustrado no mês seguinte de Goreng no poço, em que seu próprio companheiro de cela o prende, já que está prevendo que terá que comé-lo para sobreviver.
As luzes do poço
A hora em que a comida chega, um som ressoa e a luz vermelha se apaga, enquanto a luz verde ascende.
Agora, se resolve guardar um pouco de comida, a temperatura vai subir até as pessoas daquele nível simplesmente assarem. Isso acontece porque a comida só é sua enquanto a plataforma estiver no seu nível.
- “Se guardar algo, a temperatura aumentará até queimarmos.”
- “Ou cairá [a temperatura] até morrermos congelados. Varia.”
Depois que a plataforma vai para todos as celas, uma luz vermelha se acende, deixando todo o ambiente vermelho, em um sinal de perigo. Neste momento, a plataforma some de forma muito rápida até o topo.
Esses são os únicos momentos de “diálogo” entre os que estão dentro do poço com as pessoas do lado de fora, que coordenam tudo.
Por que Goreng leva o livro de Dom Quixote?
O personagem principal Goreng vai para o poço de livre e espontânea vontade. Em uma entrevista prévia, antes de ser aceito, vão compartilhando algumas regras do lugar, como, por exemplo, a de só poder sair depois do tempo definido previamente terminar. No caso dele, seis meses.
Além disso, todos os que vão presos precisam escolher um objeto para levar consigo. Goreng escolhe um livro, o Dom Quixote.
O mais interessante dessa escolha está na crítica por trás de ser, justamente, o livro Dom Quixote. Sem contar que ele é a cara do personagem, não é mesmo?
Encontrei um artigo do Jornal Folha de São Paulo, feita pelo editor-adjunto de Mundo, Marcos Guterman, que apresenta o ponto de vista dele sobre a missão de Dom Quixote: “resgatar um passado de glória divina, como a dos séculos 15 e 16, quando parecia não haver mais limite para a expansão da Espanha.”
Logo em seguida, temos o motivo pelo qual o sonho espanhol se desfez: “em meio a tormenta econômica, cegueira política, loucura religiosa e caos social”, que é bem parecido com o que acontece dentro do poço. (Leia o texto completo aqui).
É como se a missão de Goreng se assemelhasse com a de Dom Quixote dentro do poço. Sem contar que ainda encontra uma donzela para admirar por lá.
O motivo do sr. Trimagasi parar no poço
Sr. Trimagasi resolve contar o motivo de estar no poço, mas antes, pede que Goreng lhe prometa não roubar a palavra “óbvio” dele.
Eu estava em casa vendo um barbudo anunciar um amolado de facas.
“O Samurai-Max afia qualquer faca, serrilhada ou não”, ele disse. “Olhe essa faca, está tão cega que nem corta uma esponja. Com a Samurai-Max, ela corta as superfícies mais duras, até um tijolo”. E era verdade: cortava.
Aí várias donas de casa apareceram, afirmando que o Samurai-Max tinha mudado a vida delas. “Não conseguíamos nem descascar tomates e o pão desfarelava”. O Samurai-Max mudou nossas vidas.” Foi o que disseram.
Nunca descasquei um tomate, pra ser honesto. E compro pão já fatiado. Não vejo necessidade de cortar um tijolo com uma faca de cozinha. Mas isso me fez pensar.
- Por que não amolo minhas facas?
- E se minha vida for horrível porque não as amolo?
- Porque não ligo para os detalhes. Detalhes, Goreng.
Goreng: Você comprou?
Óbvio que sim.
Goreng: E aí? Amolou suas facas e cortou a garganta de alguém?
Comprei e esperei o anúncio seguinte. Era o mesmo barbudo com as mesmas donas de casa. Adivinhe o que estavam vendendo? A porra de uma faca que não ficava cega nem após cortar tijolo. Ela se amola enquanto corta. Sabe como se chamava?
Goreng: Samurai-Plus?
Você também o comprou?
Goreng: Não.
Riram da minha cara, óbvio. São os detalhes. Os detalhes me fizeram perder a cabeça. Peguei a TV, joguei pela janela e ela caiu em um maldito imigrante andando de bicicleta. Eu tenho culpa pela morte desse cara? Ele nem deveria estar lá.
Goreng: Veio parar aqui por ter matado alguém?
Me deixaram escolher: a ala psiquiátrica, ou o poço. E vim parar aqui. Mas não me ofereceram nenhum certificado.
O que essa história do sr. Trimagasi nos mostra?
A história do motivo pelo qual o sr. Trimagasi foi parar no poço nos remete muito ao capitalismo. A ideia do ter para ser.
Logo na explicação do que aquela faca o fez pensar, ele diz: “E se minha vida for horrível porque não as amolo?”. Porém, o que ele não notou antes de comprar era que: para ser alguém com a vida maravilhosa, ele não precisaria ter uma faca como essa. Não seria preciso ter algo para ser algo.
Percebemos até que ele não aprendeu muito bem a lição por dois motivos:
- Eles escolheu justamente a faca Samurai-plus como seu objeto para ir ao poço.
- E o fato pele lidar com a expressão “óbvio” como sendo propriedade dele.
Algo que ele repete muito na história sobre sua ida ao poço é a palavra: detalhes. E, se formos parar para pensar, o que nos motiva a trocar de celular, a comprar uma televisão nova todo ano, a trocar de carro? São os detalhes. E ele termina contando que foram esses detalhes que o fizeram perder a cabeça.
A própria propaganda o disse que aquela faca havia mudado a vida daquelas donas de casa. E, no final, o que a própria sociedade capitalista dita, foi o que o levou para a escolha entre a ala psiquiátrica e o poço.
Explicação filme O Poço mais comum: sobre a sociedade
A mais comum entre todas as explicações de O Poço é o fato do filme apresentar a estratificação social, isto é, as divisões sociais da sociedade a partir da sequência do número de celas. Quanto mais próximo do zero, mais beneficiada com comida àquelas pessoas são.
Vale a pena assistir ao vídeo abaixo que explica perfeitamente esta questão social no filme O Poço.
Além disso, algo que fica em destaque é a forma de tratar as pessoas que estão acima de você e as que estão abaixo. Logo no começo, o sr. Trimagasi explica:
Goreng: Podem me ouvir aí embaixo?
Sr. Trimagasi: Não os chame.
Goreng: Por que não?
Sr. Trimagasi: Porque estão abaixo. (…) Os de cima não respondem.
Goreng: Por quê?
Sr. Trimagasi: Porque estão acima, óbvio.
Os de baixo não devem ser chamados, porque estão abaixo de você e os de cima não vão te responder, porque estão acima de você.
Mesmo que aquela realidade só seja uma verdade durante um mês, ela é incapaz também de fazer com que as pessoas que estão dentro do poço reflitam sobre a situação. Como é dito no início: tudo é sobre o que vão comer.
+ Situações para pensar
Podemos notar isso quando a primeira refeição de Goreng no poço vai para o nível abaixo, seu companheiro de cela termina de beber o vinho, joga a garrafa embaixo e depois cospe. Ao perguntar o porquê daquilo, ele só responde que é para que os de baixo comam. Então, questiona se os de cima fazem o mesmo com eles. Em seguida, o sr. Trimagasi responde que provavalmente sim.
O que mostra que já é uma questão tão comum para eles, de não se ajudarem, que para ele é indiferente se fazem o mesmo ou não. O ponto está em que provavelmente o fazem e isso era óbvio e já bastava.
Além disso, existem mais dois momentos importantes que vemos essa questão da estratificação social ser tão marcante.
A primeira é quando a Imoguiri tenta ajudar uns aos outros e passa dias conversando com as pessoas da cela abaixo e pedindo a ajuda delas para que comessem e organizassem a comida para o próximo. Porém, os de baixo o ignoram.
Eles só começam a escutar o que ela diz quando Goreng fala que se não fizerem isso, ele vai sujar a comida que vai para eles logo em seguida. Só assim o escutaram, já que estavam pensando apenas em si mesmos.
Por fim, mais um momento marcante é quando Baharat, que escolheu como objeto uma corda, para no quinto andar das celas e decide subir até o topo. Para isso, ele precisaria da ajuda dos outros de cima, que fingem que vão ajudar e pregam uma peça nele que quase o tira a vida.
A questão da solidariedade no filme O Poço
Quando a personagem Imoguiri aparece, acabamos notando algumas questões sobre a própria organização do poço que não sabemos direito. Inclusive sobre a questão de ter uma criança lá, em que acredita firmemente ser impossível.
As explicações bíblicas detalhadas do filme estão no site Aficionados, mas vou citar algumas aqui:
- As passagens bíblicas citadas ao longo do filme
- O sr. Trimagasi repetindo que Goreng é o messias.
- A presença dos sete pecados capitais no filme
- A menina é a mensagem (e o mensageiro não é necessário).
Vale a pena assistir ao vídeo abaixo em que explica essa questão social do filme O Poço detalhadamente e ainda tira mais algumas dúvidas marcantes.
Explicação filme O Poço sobre a questão religiosa
Ao longo de todo o filme O Poço, podemos encontrar também questões ligadas ao catolicismo e que explicam muito bem boa parte do filme.
Se pararamos para notar o número de celas e pessoas existentes no início de cada mês, teremos:
- 333 celas: “O número 3 é a essência da Trindade (corpo, mente e espírito) e a tríplice natural da divindade.” O número 3 possui um significado não somente para o cristianismo, mas também para o budismo, para os chineses, iranianos, egípcios, etc. (Veja mais a respeito aqui)
- 666 pessoas no total: o número 6 é considerado um número imperfeito, enquanto o sete, seria o perfeito. Sendo então, seis seria um número do mal e existe toda uma mitologia apocalíptica em torno deste número.
- A cela número zero que seria o céu.
- A parte mais sombria, o final, seria o inferno.
Significado da cela 333
Se pararmos para analisar, Goreng encontra a criança na cela número 333. De acordo com o site We Mystic, temos esse significado:
“Todos recebem as mensagens de Deus e dos Anjos da Guarda, mas precisamos aprender como lê-las. Quando a sequência numérica com o número 333 aparecer muitas vezes no seu dia, pode significar que o seu Anjo da Guarda quer dizer que existe algo que você deve fazer. Neste caso, mesmo que não esteja se sentindo seguro e não saiba se algo vai correr bem, é a hora de agir. Pois, através da sequência numérica 333 você terá força, coragem e a assistência que precisa para alcançar seus objetivos, ou para fazer com que seu pensamento vire realidade.”
Neste momento, notamos que Goreng começa a escutar vozes que apontam a criança como a mensagem que precisa ser levada até a administração do poço. Então, apesar de muita dor, ele tira forças para se colocar junto da menina na plataforma.
Os 7 pecados capitais no filme O Poço:
- A Gula é representada pelo quão insaciáveis os personagens são, capazes até de matar um ao outro para comer.
- A Ira aparece quando ao invés de conversarem, preferem agir com a força.
- O Orgulho aparece quando os personagens não respondem as pessoas que estão abaixo deles no poço e se consideram superiores.
- A Inveja aparece quando nunca estão satisfeitos de onde estão, em qual cela aparecem e sempre sentem inveja dos que estão acima. Uma atitude invejosa marcante é quando a mãe da criança mata e come o cachorro da outra.
- A Luxúria também aparece em alguns momentos no filme, tanto nos pensamentos de Goreng quanto na cela de cima, em que ficam escutando um casal fazendo sexo na cela acima.
- A Preguiça é apresentada pela falta de força que ficam ao estarem ali naquela condição. Goreng e o sr. Trimagasi até revelam não querer conversar por cansaço.
- A Avareza é apresentada bem no finalzinho do filme, quando um dos homens, que naquele mês, apesar de todo o dinheiro que possui, está em uma das celas mais profundas. Ele aparece sentado na cama e segurando o dinheiro dele. Se analisarmos que ele está bem próximo das últimas celas, podemos notar a crítica ao capitalismo ali, mostrando que quanto mais amamos o dinheiro a Deus, mais próximos do inferno estamos.
Mas qual é a explicação do diretor do filme O Poço?
O diretor espanhol Galder Gaztelu-Urrutia deu uma entrevista para o iHorror e explicou o filme o Poço.
Veja nesta tradução livre abaixo ou leia em inglês aqui.
“Se você assiste ao filme, percebe que existem vários níveis; existem pessoas ricas nos níveis superiores e pobres nos níveis inferiores. É sobre essas diferentes classes sociais, norte e sul. Também há outro nível de simbologia: se você assistir ao filme novamente, descobrirá mais sobre ele.”
“O filme não trata de mudar o mundo, mas de entender e colocar o espectador em um dos níveis e ver como eles se comportariam dependendo do nível em que estão. As pessoas são muito parecidas entre si. É muito importante onde você nasceu – em que país e qual família -, mas somos todos muito parecidos. Depende de onde você vai, mas você vai pensar e se comportar de uma maneira diferente. Então, o filme está colocando o espectador na situação para enfrentar os limites de sua própria solidariedade.”
“É fácil ter solidariedade se você estiver no nível 6; se você tem muito, pode desistir de parte disso. Mas você será solidário se não tiver o suficiente para si mesmo? Essa é a questão.”
“O filme não quer ensinar nada. [O Poço] quer colocar o espectador em um lugar para pensar em como eles se comportariam em algumas situações, com relação ao que está acontecendo lá fora no mundo no momento. O que você faria em cada situação? Então, se você estiver na parte inferior da plataforma ou no andar superior, o que você faria? Eles não julgam, mas fazem a pergunta e dão ao espectador a oportunidade de decidir.”
Espero que tenham curtido essa compilação de conteúdos com a explicação do filme O Poço, mande nos comentários o que você pensa a respeito.
Socialismo
“Pode haver uma crítica ao capitalismo desde o início, mas mostramos que, assim que Goreng e Baharat experimentam o socialismo para convencer os outros prisioneiros a compartilharem voluntariamente sua comida, eles acabam matando metade das pessoas que se propõem a ajudar.”
“No final, o problema surge quando você tenta exigir a colaboração de todos, e você vê que não há grandes conquistas até o final. Goreng faz o que ele se propôs a fazer ao reduzir a panna cotta e a criança ao nível mais baixo, mas ele não mudou de ideia sobre compartilhar a comida”.
“A panna cotta não acaba sendo a mensagem que Goreng envia, pois percebem que uma garota que vêem no nível 333 é o “símbolo” que precisam enviar. O Poço termina com a garota subindo a plataforma para o nível superior, mas pode não ser tão esperançosa quanto parece.”
Interpretação do diretor
“Para mim, esse nível mais baixo não existe. Goreng está morto antes de ele chegar, e essa é apenas sua interpretação do que ele sentiu que tinha que fazer”, contou o diretor Gaztelu-Urrita.
“No final, eu queria que fosse aberto à interpretação, se o plano funcionou e os superiores se importam com as pessoas na cova. Na verdade, filmamos um final diferente da garota que chega ao primeiro nível, mas a eliminamos. do filme. Vou deixar o que acontece com a sua imaginação.”
Até mais,
Abraços,
-Aninha Carvalho
2 Comments
Apesar de ser tentador olhar a obra apenas sob um viés anti-capitalista, interessante ter sido cortada a parte da fala do diretor que ele afirma tb conter críticas ao socialismo.
O filme tem várias camadas, e mesmo que exista uma intenção de apresentar uma visão ideológica do diretor, ele não deixa de conter auto-críticas, como a mensagem se tornar mais importante que as vidas que são tiradas para mantê-la intacta, a necessidade de um sentido mesmo quando se tem tudo (e isso podendo se reproduzir a quando todos tivessem tudo), a força questionável que pode-se ser utilizada para impor a solidariedade e a possível ausência de comida msm quando ela é regulada de cima pra baixo.
Obrigada, Tiago, acrescentei aqui, seria essa parte da entrevista?