Aposto que você assiste aos filmes adolescentes nos estados unidos e vive imaginando como seria se você estudasse na mesma escola que eles, não é? A melhor parte é que existe um intercâmbio voltado exatamente para quem quer terminar ou fazer uma parte do ensino médio/fundamental, em outro país: high school intercâmbio.
No conteúdo de hoje, eu vou te contar, em detalhes, como está sendo a experiência que a minha prima, Júlia Caetano, está vivendo ao fazer todo o ensino médio nos EUA.
A Ju está em uma cidade a 2 horas de Boston, a mais antiga de Cape Cod, chamada Sandwich, com 20.675 habitantes, de acordo com o censo de 2010.
“O meu primeiro pensamento quando eu entrei na cidade foi ‘nossa aqui só tem mato mesmo?'”
Selecionei várias perguntas sobre como é o dia a dia na escola e quero compartilhar para vocês tudo o que aprendi com ela no conteúdo de hoje, vamos lá!
Como assim o ano letivo nos EUA começa no meio do ano?
É engraçado pensarmos em “final do ano letivo” acontecendo no meio do ano, mas é justamente assim que funciona o ano escolar nos EUA.
As férias de verão em Massachusetts acontecem no final de junho e funcionam como uma pausa de fim de ano. Vale ressaltar que essa data pode ser diferentes dependendo do estado. E, assim, logo depois do Labor Day, que acontece no início de setembro, começa o novo ano letivo.
Com isso, os alunos têm dois meses inteiros de férias, o mesmo que acontece com as férias no Brasil, em que temos dezembro e janeiro sem nenhuma aula.
A Julia aproveita esses intervalos de férias para visitar a família no Brasil.
“Pra eu não ficar tanto tempo longe da minha família, eu vou pro Brasil duas vezes por ano, nas minhas férias de Natal e nas férias de verão, entre julho e agosto.”
E você deve estar aí imaginando como os pais dela aguentam toda essa separação e meses a fio sem se verem. Mas a surpresa aqui é: a ideia foi deles.
“No começo eles [os pais de Júlia] meio que me forçaram a vir porque eles sabiam que isso seria o melhor pra mim. Eles demoraram uns meses pra me convencer, rolaram umas briguinhas também. Eu sempre ficava nessa de ‘nossa e meus amigos e vocês? Eu não falo inglês…'”
Como o ano letivo por lá começa de verdade no meio do ano, Júlia resolveu mudar de escola antes da viagem. Isso fez com que o círculo de amizade dela se alterasse completamente.
Sendo assim, toda essa mudança se transformou em uma ótima ideia para fazer com que Julia percebesse que os amigos que estava deixando para trás não deveriam ser um impedimento para entrar de cara nessa aventura.
“Minha rotina não mudou muito depois que eu decidi fazer meu ensino médio aqui, mas minha vida sim. Eu mudei de escola uns meses antes de vir porque essa seria a maneira que as coisas funcionariam melhor. Isso mudou totalmente meu círculo de amigos, minha ideia de deixar pessoas para trás, entre muitas outras coisas que me ajudaram a entender mais ainda o lado dos meus pais do porquê de fazer meu ensino médio aqui seria a melhor decisão no momento.”
E foi isso que aconteceu, dessa forma a Julia foi perdendo o medo de se aventurar, já que percebeu que amizades de escola podem ter uma data de validade para terminar, e isso não é algo negativo. Muito pelo contrário.
High School X Estudar um idioma: Quais os maiores desafios?
Fazer High School é bem diferente de ir para outro país estudar inglês em um curso de idiomas. Mas o que muda?
Pensando nessa questão, resolvi perguntar para a Júlia o que está sendo mais difícil e consegui criar essa listinha para você já ter alguns insights do que vai passar fazendo High School nos EUA e como superar cada um desses desafios. Anote aí!
- Aprender matérias da escola em inglês: É isso mesmo que você leu. Ao fazer High School nos Estados Unidos você vai entrar numa rotina de escola, então, aprenderá todas as matérias em inglês. Já imaginou que maravilhoso aprender física em inglês? Chega a dar até um arrepio. Ao longo da entrevista, a Júlia explicou como funciona para escolher as aulas que você fará em cada semestre, continue lendo.
“A parte do ser ensinada em inglês é complicada, mas a gente acostuma e fica natural. Depois de um tempo, fica até estranho assistir videoaula em português.”
- Fazer apresentações de trabalho em inglês: Assim com acontece no Brasil, você também terá que apresentar trabalhos na frente da turma e está tudo bem. Se você não se sentir preparado, vale a pena conversar com os professores e pedir ajuda.
- Se comunique mais com os professores: Diferente do Brasil, quando você pede ajuda ou conversa com os professores, eles geralmente não vão pensar que você está tentando dar “aquele jeitinho” para ter mais tempo para entregar o trabalho.
“Tudo que os professores querem é que você chegue neles e fale ‘Eu não me sinto preparada para apresentar pra sala inteira, posso apresentar só pra você?’ ou ‘Minha apresentação pode ser um pouco mais curta?’. Uma dica maravilhosa que eu aprendi aqui é a se comunicar com os professores, pedir pra eles ajuda, perguntar se eles podem te dar mais tempo em algum trabalhado, coisas do gênero.”
Como funciona o High School no intercâmbio?
Diferente de fazer inglês durante o intercâmbio, ao optar pelo high school é como se estivesse, realmente, estudando em uma escola e isso significa que você terá matérias como História, Matemática, Geografia, Física, Biologia, mas você decide quais quer fazer.
Diferente do Brasil, em que temos um quadro de matérias já estabelecido, quando o assunto é High School nos Estado Unidos, você decide quais matérias quer fazer.
“O que mais me chamou atenção é o sistema daqui. Eu sempre ouvia falar que aqui você escolhia tudo que você ia estudar, mas não é bem assim. Eu amo o sistema porque ele te dá mais liberdade para escolher em que área você quer focar seus estudos durante os quatro anos de High School.”
Ficou mais curioso ainda? A Ju explicou melhor como ela fez para escolher quais matérias faria ao longo do semestre, olha só!
“Na minha escola, por exemplo, você precisa fazer matemática quatro vezes no mínimo para se formar. Lógico, algumas você precisa fazer outra primeiro por precisar de determinada base, mas você pode escolher o que é mais interessante pra você. Você também precisa fazer História/Estudos Sociais quatro vezes e tem MUITAS opções de que tipo de História. Você é obrigado a pegar um certo número de matérias em cada área, mas você escolhe muito ainda o que você estuda.”
Veja quais as matérias a Júlia estudou e está estudando agora abaixo:
“Aqui é divido por semestre, então, no meu primeiro semestre do meu segundo ano do ensino médio eu fiz Química, Biologia, Inglês e História Americana 2. Este semestre estou fazendo Cerâmica, Álgebra 2, Carpinteria, Produção/Design de Jogos e Psicologia. Meu segundo semestre está muito mais fácil que o primeiro. Eu tava me matando de estudar no primeiro, porque as matérias eram bem difíceis, mas agora são bem mais fáceis.”
É preciso ter muito cuidado na hora de escolher quais matérias quer fazer, já que umas podem ser bem mais densas que outras. A Júlia, por exemplo, tinha uma professora que passava tantos trabalhos para fazer, que ela ficava boa parte do tempo, depois da aula, tentando terminar tudo.
“Minha maior dificuldade era inglês, não pela língua em si mas pelo tanto de trabalho que minha professora passava. Era muita coisa it’s a huge amount of work que é difícil e demora muito tempo pra fazer. Essa professora acha, literalmente, que todo mundo tem pelo menos três horas todos os dias depois da escola só pra fazer os trabalhos dela.”
E na hora de fazer amizade? Dá para fazer amigos americanos numa boa?
Será que, assim como naqueles filmes americanos, você vai acabar indo para a mesa dos que não são populares ou almoçando no banheiro?
Eu super me imagino não fazendo amizade e ficando sozinha o tempo todo. Mas a Ju me deu uma luz quanto a isso. É preciso entender de verdade e começar a separar os termos colegas de amigos.
“Conversar com os colegas na escola é meio complicado, porque eles realmente são muito mais fechados. Se você não for conversar com eles, eles não vão ir conversar com você. Não tem nesse calor e hospitalidade que brasileiro tem de fazer as pessoas se sentirem em casa, welcome people. Eles são muito educados e na maioria das vezes vão te tratar muito bem, mas amizade é mais difícil. A escola também não tem diversidade, só tem white kids. Eu não me sinto realmente amiga de nenhum americano ainda, são só colegas que eu, com certeza, vou parar de conversar depois da escola.”
Quem assiste aos filmes americanos de high school, sabe que existem os grupinhos, mas será que na vida real eles são tão nítidos assim?
“Filmes são muito exagerados, não é muito bem assim na realidade, mas é mais claro o estilo de cada pessoa por não ter uniforme. O esporte faz parte de uma grande parte da vida acadêmica de muitos, assim como arte e música também estão muito ligados à escola. Mas não tem uma segregação muito clara dentro da escola não.”
PROM?
A pergunta mais angustiante dos filmes americanos é: gostaria de ir ao baile comigo? E, adivinha? Não é mentira não. Existe isso mesmo!
“Simmm, rola muito essa ansiedade e esse glamour. Tem muito isso de “quer ir ao baile comigo”, os meninos normalmente fazem um pedido muito fofo com cartazes, chocolate… o que mais você quiser. É, realmente, uma gracinha. Um dia, procura vídeos ou fotos de ‘do you wanna go to prom with me’ ou só ‘ask to prom’, você vai achar uns convites muito fofos.”
Tem um filme com o nome bem sugestivo, “Prom”, que fala justamente sobre esses pedidos. E, claro, tem muito vídeo no youtube sobre esses pedidos também. Já vou te ajudar a seguir o conselho da Júlia e separei alguns aqui embaixo:
Voltar para o Brasil ou continuar nos Estados Unidos: eis a
questão
Para terminar o bate papo com a Júlia, eu não poderia deixar de entender quais são os próximos passos dela. Com a formatura se aproximando, o que acontecerá depois?
Júlia deseja ser médica e acredita que continuar estudando nos Estados Unidos será melhor do que se graduar no Brasil e tentar retornar ao país depois.
“Não acho que a escola daqui me preparou para um Enem, por exemplo, mas sim para continuar minha vida estudantil aqui ou começar minha vida profissional. Acho que as chances de eu voltar e fazer faculdade no Brasil são quase nulas.”
Está pensando em fazer High School nos Estados Unidos também? Quais são as suas maiores dúvidas sobre o processo? Mande nos comentários e vamos continuar essa conversa!
Ah! Vale comentar também se gosta de conteúdos assim em que intercambistas compartilham suas experiências fora. Estou adorando fazer essas entrevistas!
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Até o próximo conteúdo,
Abraços,
-Aninha Carvalho
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